segunda-feira, abril 16

Brazilian Wax

A Ana foi almoçar com um amigo. Todos os amigos da Ana são gajos que a tratam como se ela fosse um homem. Quando se encontram são aqueles abraços fraternos e tiradas com voz grossa do género estás com bom aspecto pá! Não há cá vozes melosas nem conversas com segundas intenções. Estes almoços são convívios de companheiros em que o modo de gaja está proibido. E ela gosta porque tem aquela ilusão de que tem um apêndice por um par de horas...

Desta vez o almoço foi numa taberna cool chic porque o amigo dela é um retrosexual cosmopolita que gosta de almoçar em sítios trendy com gays a partilhar amorosamente sobremesas, empregados com chiliques e outra fauna alternativa. Sente-se bem porque se imagina um macho conservador ultratolerante.

E este almoço começa como de costume sem nada de cerimónias com o tipo praticamente a arrancar a ementa das mãos trémulas do empregado, não fosse a Ana agarrar-lhe primeiro, sem sequer perguntar à amiga o que quer escolher. A coisa passa-se mais ou menos como se ele estivesse a almoçar sozinho: é o à vontade de macho! O tipo escolhe o quer comer num segundo sem aquela coisa de gaja ai sei lá eu o que vou comer hoje. Com isto o empregado sai disparado para entregar o pedido na cozinha e só depois volta e é nessa altura que ela lá consegue fazer o pedido.

Ainda a Ana está a falar com o empregado e já ele devora as entradas. Em simultâneo conversam, falam dos empregos, dos sacanas dos colegas, dos filhos deles, da mulher dele que lhe amarga a vida e também da namorada que é um doce. Sim porque o tipo gosta de comer fora do prato! É de homem! Conversam sem pieguices e direitos ao assunto. Quando chega a refeição o amigão ataca o prato com aquele apetite másculo que a Ana tem dificuldade em acompanhar ficando a debicar as azeitonas pretas de que tanto gosta.

Aproveita, no entanto, o modo de gajo para lhe dizer ê pá não percebo porque namoras com aquela gaja! É tão parecida com a tua mulher! Até o nome é parecido. A tua mulher é Ana Maria e a tua namorada é Mariana. É que não lhes vejo mesmo diferença nenhuma.

Uma gaja ficaria ofendida com um comentário desta natureza, um gajo não! Ele enfia na boca mais uma garfada brutal de Bacalhau à Brás, sem se perturbar, e diz com um ar sério que elas são muito diferentes,
a Mariana por exemplo está toda depilada.

A Ana pede-lhe para repetir, com a azeitona presa na boca, e ele repete entre mais uma garfada, com uma naturalidade desarmante, que a Mariana depila-se toda.

A Ana arregala os olhos e tenta não engolir o caroço da azeitona, com os olhos cheios de lágrimas começa a rir dizendo demasiado alto estás a dizer-me que a diferença entre a tua mulher e a tua namorada é que a tua namorada faz depilação integral?????!!!!! É essa a diferença pergunta entre soluços de risos.

Então, responde o outro impassível metendo a último pedaço de comida na boca, podia dar-te 380 diferenças mas foi essa que me ocorreu primeiro. Com isto faz sinal ao empregado e pede um café cheio...

E isto meninas é para que vejam, que o Jonão não vive para sempre, como nós machos somos criaturas simples tão fáceis de conquistar!

2 comentários:

Anónimo disse...

Já ouvi dizer que homem que é homem tem de ser carroceiro. Quanto às mulheres são demasiado complicadas, um mal necessário, deviam aprender com o tipo com quem ela almoçou.
Há por aí cada floresta, às vezes penso que vai sair um javali.

Jonas disse...

Ê pá, já vi que cultivas o tipo carroceiro...mas pela matéria prima que dizes ter acesso... talvez devas apostar no género lenhador!
:)