sexta-feira, janeiro 10

Matrix, o hamster em cativeiro mais livre do mundo

Andava há que tempos para escrever sobre o filho da mãe do hamster sírio que passou a habitar o ecossistema de que fiz parte até partir para o além. As suas aventuras eram tantas que até a mim me deixaram baralhado. Nem sabia por onde começar e assim, fui adiando adiando...
Para principio de conversa, deixem que vos diga que este mamífero esteve sempre ao mais alto nível, com uma prestação à altura deste que vos escreve e quiçá até da grandiosa Dulcineia.
Explorador nato, conquistador de novos espaços, evadia-se da gaiola regularmente tal qual um Houdini de quatro patas, superando todas as artimanhas humanas com intenção de bloquear a porta da sua jaula, sim porque um animal com tanta garra não habita numa gaiola como se fosse um mísero ser vivo com penas, habita sim numa jaula como qualquer leão sem juba. 
Escondia-se durante horas, fazias ninhos de retaguarda, subia para todos os móveis, mesmo os mais altos, escalava aquecedores de onde caía em grande estilo. Roía só o que lhe apetecia e roeu até ser descoberto a base do sofá da sala, que começou a explorar por dentro. Quando queria variar , trepava pelo seu companheiro acima, o amigo Júnior, e faziam juntos o que lhes apetecia...
Foram meses intensos!
Morreu ontem num acidente exploratório, junto ao cortinado que mais gostava de trepar.
Foram-lhe prestadas as homenagens fúnebres devidas aos mamíferos que vivem neste cardume, demasiado grandes para serem enterrados nos vasos da varanda, onde dormem os da minha espécie. Foi a enterrar em caixão de cartão no bosque, ao lado da Dulcineia, levando consigo a sua comida preferida, alguma lã para fazer o ninho no Reino de Hades, e um gorro do Júnior, que fez o favor de roer, até ficar irreconhecível, numa noite de fúria.
Deixou uma família de mamíferos bípedes enlutada e um grande amigo inconsolável. Pobre Júnior...
Amigão, Matrix, que sejas muito bem-vindo! Cá te espero ao pé de mim, neste blogue, cheio de espíritos de animais mortos, mais vivos que muitos humanos vivos.

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